Oeiras
Oeiras é um território municipal situado entre Lisboa, Cascais, Sintra e a Barra do Tejo. Em termos paisagísticos, oferece panorâmicas notáveis: desde a sequência de enseadas e praias, enquadrada por fortins e palacetes que são o ex-libris do Concelho, até à imponência da Fortaleza de S. Julião da Barra e da ilhota circular do Bugio, que marcam a barra onde o Tejo encontra o imenso Oceano Atlântico, há todo um conjunto de elementos que são fruídos diariamente por quem se desloca pela avenida Marginal, a qual estabelece a ligação entre Lisboa e Cascais. Para lá desta linha ribeirinha, estende-se o planalto cerealífero, de ricos terrenos de trigo, com uma produção que ultrapassa os 300 kg por hectare. São solos ricos e fartos já desde os tempos de Romanos e de Mouros, onde os vestígios pré-históricos do Castro Neolítico de Leceia atestam povoamentos muito mais antigos. O planalto é rasgado por três profundos vales, onde correm as Ribeiras da Laje, de Barcarena e do Jamor. O relevo é, no entanto, modelado em ondulantes declives, nos quais se instalaram, desde os primórdios de Portugal, quintas solarengas de paradisíacos jardins e pomares de citrinos. A História remota do Concelho é indissociável da produção agro-pecuária e da facilidade de colocação dos produtos no mercado de Lisboa, feita, por vezes, através da exportação por via marítima. Ao factor económico, associaram-se o recreio, o lazer e a ocupação dos tempos livres, com a utilização de casarões agícolas, de terraços e de eiras virados para a barra do Tejo e para o oceano longíquo. É uma panorâmica de tirar o fôlego, com pontos focais longínquos, bem ao gosto dos barroquismos e francesismos do nosso século XVIII. Usufruindo da terra e do mar, numa profusão de luz, cores, sons e aromas, instalam-se pavilhões de caça, jardins versalhianos (como o Jardim da Cascata Real, em Caxias), varandas e terraços alpendrados, plenos de ricos azulejos, da autoria dos melhores artistas portugueses, franceses e italianos.É marcada pela fartura e pelo culto do "belo" que Oeiras chega ao nosso século, sob a mão do iluminismo pombalino, que estabeleceu os limites do Concelho e lhe deu Foral e categoria de Vila. Esta foi, sem dúvida, enobrecida pela sua casa e pelos seus jardins, onde o Marquês de Pombal e alguns artistas, tão famosos como Carlos Mardel, Machado de Castro ou André Grossi, modelaram a paisagem, a pedra as águas e a terra, criando uma das nossas melhores obras do século XVIII. Hoje, apesar do explosivo crescimento e desenvolvimento urbano, industrial e rodoviário, que tende a apagar os ondulantes campos de trigo e a trocar as paisagens bucólicas pelo frenesi das rodovias, das fachadas dos bairros, dos blocos habitacionais e dos edifícios, Oeiras continua a surpreender o visitante e a oferecer constantes descobertas ao residente. Os problemas e desequilíbrios ambientais e sociais são característicos de um Concelho que só nos anos setenta começou a ser vítima de alguma pressão demográfica e de um crescimento urbano súbito, consequência da sua proximidade com a capital. Não obstante, estes problemas têm sido acompanhados pelo empenho autárquico que concretizou o Plano Director Municipal, inúmeros planos urbanísticos e levou a cabo uma forte política de habitação social. A autarquia tem ainda o apoio entusiasta de estudiosos e de técnicos que por aqui vivem e trabalham, bem como da enorme população bairrista que para aqui veio residir (migrada de tantos pontos do país). Tudo isto faz-nos acreditar que "Oeiras vale a pena". Perfilam-se muitas metas no horizonte. Porém, a mais ambiciosa é, talvez, a que visa a preservação das paisagens e a recuperação ambiental e de espaços históricos. Esta insere-se numa estratégia de desenvolvimento que coloca estes espaços - que fazem a diferença e são a memória viva do Concelho- ao serviço da cultura e do usufruto social, com vista a constituir um legado para as gerações do próximo milénio. |